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Confira a segunda parte da entrevista com Marco Cruz, secretário geral da Missão Portas Abertas no Brasil
Por que é importante que os cristãos estejam atentos à realidade da Igreja Perseguida?
Marco Cruz: A perseguição à igreja é bíblica e já esperamos que ela venha a se intensificar ao longo dos anos, com a aproximação da volta de Cristo. Assim, a perseguição se apresenta como um dos sinais da volta de Jesus. Até que isso ocorra, há uma parte do corpo de Cristo que enfrenta terríveis hostilidades e que necessita de apoio em orações, discipulado, ajuda socioeconômica e cuidados especiais.
Como cristãos livres da perseguição religiosa, temos o dever de ajudar e apoiar parte do corpo que sofre por amor a Jesus. Em 1 Coríntios 12.26 -27, lemos: “Se uma parte sofre, todas as outras sofrem com ela, e se uma parte é honrada, todas as outras com ela se alegram. Juntos, todos vocês são o corpo de Cristo, e cada um é uma parte dele.”
Quais são os tipos de perseguição mais comuns que acontecem ainda hoje, em pleno século 21?
Uma das principais ferramentas da Portas Abertas para rastrear e medir a extensão da perseguição no mundo é a Lista Mundial da Perseguição. A Portas Abertas tem acompanhado a perseguição a cristãos em todo o mundo desde a década de 1970. Todos os anos, a lista é auditada independentemente. Esta é a única pesquisa do tipo realizada anualmente em todo o mundo. Ela avalia a liberdade que um cristão tem para praticar a fé nas cinco esferas da vida:
Individualidade: A pessoa não é livre para escolher qual religião quer seguir, orar a Deus dentro de casa ou num lugar público. Ter a Bíblia e outros livros cristãos também é proibido. Não há liberdade para expressar a fé.
Família: A perseguição vem por meio de parentes que insistem que o cristão volte à antiga fé. O convertido é proibido de praticar a fé cristã em casa e enfrenta problemas em assuntos civis como casamento, batismo, enterro de familiares, criação de filhos, divórcio e direitos de herança.
Comunidade: O cristão enfrenta pressão por meio de atitudes preconceituosas, leis, sequestro, casamento forçado, dificuldade de acessar recursos comunitários e de saúde, pressão para renunciar a fé, discriminação no trabalho, desvantagens na educação, intimações à delegacia, multas etc.
Nação: Quando não há leis que garantam a liberdade de culto e de prática da fé. Evangelizar é considerado um crime e, em casos mais extremos, se converter também. O cristão enfrenta acusações de blasfêmia, problemas para tirar documentos, se reunir com cristãos, expressar sua opinião publicamente, entre outros.
Igreja: Há impedimentos para registrar e construir igrejas e realizar atividades comunitárias, como culto, reunião de oração, batismo, aula bíblica etc. É comum o confisco e monitoramento de materiais religiosos e de treinamentos bíblicos.
Quais países despontam no ranking entre os mais hostis à fé cristã?
De acordo com a Lista Mundial da Perseguição, este ano os países mais hostis à fé cristã são:
1º Coreia do Norte
2º Afeganistão
3º Somália
4º Sudão
5º Paquistão
A Coreia do Norte, o país mais perigoso para se tornar um cristão, lidera a lista há 16 anos consecutivos.
E na América Latina, é possível falar de perseguição na região?
Sim. Na América Latina, a lista aponta dois países que estão entre os que mais perseguem cristãos: México (39º) e Colômbia (49º). Nesses países, o fator agravante para a perseguição é a violência por parte da comunidade tribal. No México, por exemplo, nas comunidades autônomas indígenas, as pessoas que se convertem ao cristianismo continuam a ser punidas a nível pessoal e comunitário. Os líderes cristãos ganharam credibilidade entre a população, especialmente através do seu trabalho pastoral nos contextos mais violentos do país e através da resistência ao crime organizado. Em 2017, membros das comunidades indígenas de Chiapas e Jalisco que se tornaram cristãos enfrentaram sanções econômicas, negação de acesso a serviços básicos e expulsão da comunidade. Em alguns casos, os cristãos foram presos sem razão e enfrentaram maus tratos psicológicos. Relatos de 6 de julho de 2017 afirmam que um líder cristão foi morto em uma igreja do município de Los Reyes La Paz. Dezoito outros líderes foram assassinados desde que o presidente Enrique Peña Nieto assumiu o cargo em 2012.
Já na Colômbia, durante os meses de junho e julho de 2017, muitos cristãos nas comunidades indígenas tiveram o acesso aos serviços básicos negados, na tentativa de fazê-los renunciar à fé e retornar à religião tradicional. Dezessete igrejas cristãs também foram atacadas por líderes indígenas para evitar a propagação do cristianismo no grupo étnico. Apesar das negociações de paz com o governo, grupos criminosos pertencentes a unidades de guerrilha permanecem ativos e, em algumas áreas, se tornaram mais fortes. Em 16 de maio de 2017, um líder cristão em Buenaventura recebeu ameaças de morte depois de denunciar algumas das atividades criminosas em sua região. Em 28 de julho de 2017, outro líder em Raudal (no estado de Antioquia) foi encontrado morto. Devido ao crescente medo e insegurança, muitos cristãos e outros cidadãos fogem de suas casas depois de receber ameaças de grupos criminosos.
Quais são as principais dificuldades ao realizar um trabalho como esse?
Muitas são as dificuldades. Em vários países severamente perseguidos, os cristãos vivem de forma secreta e as reuniões são feitas de forma clandestina. Assim, reunir ou até mesmo encontrar os cristãos nesses locais é altamente perigoso. Além disso, existe em algumas comunidades a falta de acesso a cristãos perseguidos, o que dificulta a entrega de material cristão e ajuda emergencial. Muitos países estão em guerra ou conflito interno e em todos os países que trabalhamos — os mais de 60 países — os cristãos vivem sobre opressão de algum lado da sociedade (família, comunidade, estado). Apesar de tudo isso, sabemos que a nossa luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais (Efésios 6.12). Por isso, perseveramos em oração, pois cremos, como afirma o Irmão André: “A oração não é a preparação para a batalha; a oração é a batalha”.
E as principais vitórias?
As vitórias são inúmeras e contadas frequentemente por cristãos perseguidos em todo o mundo. São pessoas que se convertem ao cristianismo, são expulsas de casa, enfrentam agressões e todo tipo de perseguição, mas não negam a Jesus e perseveram na fé. Essas pessoas, na maioria das vezes, são apoiadas por algum projeto da Portas Abertas no país e, assim, conseguem restabelecer a própria vida e continuar firmes na fé em Jesus.
Como um interessado pode participar e ajudar a Missão Portas Abertas?
A oração é o primeiro pedido que os cristãos perseguidos fazem. No site da Portas Abertas, www.portasabertas.org.br, é possível saber mais sobre como a perseguição aos cristãos acontece em cada país, além de encontrar pedidos de oração específicos. Publicamos anualmente também o livreto de oração, também disponível em www.portasabertas.org.br/artigo/ore
Outra forma de se envolver na causa é por meio de doações. Também no site, em www.portasabertas.org.br/artigo/doe, existem várias formas de doação, que o parceiro pode escolher.
Uma das nossas principais formas de comunicação com o parceiro é a Revista Portas Abertas, que mensalmente apresenta histórias de cristãos, pedidos de oração, matérias sobre os países mais perseguidos no mundo etc. Para receber a revista, basta se cadastrar no link www.portasabertas.org.br/artigo/receba-a-revista
O parceiro também pode viajar com a Portas Abertas para conhecer, de perto, a realidade da Igreja Perseguida. Além disso, o trabalho de voluntariado é uma forte ferramenta de doação e ajuda ao cristão perseguido.
Uma mensagem aos leitores.
A perseguição aos cristãos tem crescido e se espalhado por todo mundo. Como corpo de Cristo, não podemos fechar os olhos. Eles contam com a nossa oração, ajuda e mobilização. A Igreja Perseguida precisa de você para permanecer firme, e você precisa da Igreja Perseguida para ser desafiado dia após dia em sua caminhada de fé em Jesus.