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Leia entrevista com Alderi Souza de Matos, professor de Teologia Histórica no Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper (SP), e entenda o básico sobre a Reforma Protestante
No dia 31 de outubro é celebrado um dos mais significativos eventos da história universal: “A Reforma Luterana” ou “Reforma Protestante”, movimento religioso que eclodiu no século XVI e que teve como objetivo reformar a prática de fé por meio do retorno às Escrituras. O monge alemão Martinho Lutero (1483 -1546) foi um dos seus principais expoentes. Para ler artigo especial sobre o contexto e as bases do movimento reformador, clique aqui.
Com o intuito de compartilhar com nossos leitores informações sobre esse marco histórico, entrevistamos o Reverendo Alderi Souza de Matos, doutor em Teologia pela Universidade de Boston, professor de Teologia Histórica no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper (SP) e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil. Na conversa, Alderi fala sobre a importância da Reforma para os cristãos, elucida os principais avanços sociais que ela viabilizou no ocidente e deixa insights de como a igreja pode continuar avaliando a sua prática, a fim de manter-se sempre em sintonia com a Palavra de Deus. Um conteúdo curioso e inspirador. Confira e compartilhe!
O que foi a Reforma Protestante?
A Reforma foi um movimento que questionou certos aspectos da teologia e prática da Igreja Católica Romana no final da Idade Média e, ao mesmo tempo, buscou revitalizar essa igreja de acordo com os ensinos e princípios das Escrituras.
De que forma esse acontecimento marcou a história da igreja e foi decisivo para o início de um novo tempo para os cristãos?
Negativamente, a Reforma acabou produzindo, de forma não intencional, uma grande ruptura na cristandade europeia ocidental, até então solidamente coesa. Positivamente, acentuou elementos da tradição cristã original, apostólica e neotestamentária que haviam sido obscurecidos ao longo dos séculos, causando grande impacto na sociedade da época e dos séculos posteriores.
Quais foram as contribuições da Reforma Protestante para a construção do moderno mundo ocidental?
A Reforma questionou a estrutura hierárquica e monárquica da Igreja Romana, acentuando a ampla participação dos leigos na vida da igreja. Contribuiu, assim, para o desenvolvimento das modernas instituições democráticas ocidentais. Também produziu uma nova ética do trabalho, destacando toda atividade humana lícita como uma vocação divina e estimulando a iniciativa e a criatividade das pessoas. Além disso, deu enorme ênfase à educação, estimulando a criação de escolas primárias, secundárias e superiores, abolindo o analfabetismo e promovendo a cultura e o conhecimento em escala inédita.
Como a igreja, mais de 500 anos depois, pode se inspirar nesse fato histórico para avaliar suas práticas, evitar desvios e manter-se fiel ao plano de Deus para o seu povo?
A maior contribuição da Reforma foram seus fundamentos bíblicos e doutrinários, expressos em cinco princípios essenciais: a precedência da Escritura em relação a qualquer outra autoridade religiosa (Sola Scriptura); a prioridade e soberania da graça divina na salvação do ser humano (Sola gratia); a necessidade e plena suficiência da obra redentora e reconciliadora de Cristo (Solo Christo); a fé como a resposta primordial do ser humano à ação graciosa de Deus em Cristo (Sola fide); a glória do Deus trino como o alvo supremo da igreja e dos cristãos (Soli Deo gloria). Esses critérios continuam indispensáveis para que a igreja do século 21 defina sua identidade, rumos e prioridades.
Hoje, em pleno século 21, como a igreja pode conjugar tradição, reforma e inovação, comunicando-se de maneira efetiva com as novas gerações, mas sem abrir mão de toda a sua riqueza histórica?
Esse é exatamente o grande desafio para a igreja contemporânea, assim como o foi para a igreja de outras eras: preservar fielmente as convicções e valores duradouros do passado e, ao mesmo tempo, ter sensibilidade para com as dores e anseios do tempo presente, buscando tornar o evangelho de Cristo relevante para os dias atuais.
Que mensagem daria aos pastores, líderes e fiéis que por vezes se sentem decepcionados com a igreja de nosso tempo e anseiam por reformas?
Com todas as suas falhas, pecados e imperfeições, a igreja pertence a Cristo e, por isso, deve ser objeto de nosso interesse e cuidado. Devemos lutar por seu contínuo aperfeiçoamento, porém sem desprezar as conquistas e realizações legítimas do passado. Finalmente, lembremos que a igreja somos nós, não algo separado de nós. Assim, para podermos reformar a igreja, precisamos, em primeiro lugar, reformar a nossa própria vida, segundo os preceitos da Palavra de Deus.